sexta-feira, 8 de abril de 2011

O comandante da garotada

Aos 30 anos, Gustavo de Conti tem a mesma idade que dois de seus jogadores e é mais novo que um deles (Felipe, de 31). Mas poderia, fácil, ser chamado de “velho” por um grupo de jogadores que, em sua maioria, ainda não passou dos 23 anos. Estudioso, idealista e alucinado por informações, ele faz parte da nova geração de treinadores que começa a surgir por aqui. Responsável por levar o elenco mais jovem do NBB3 aos playoffs, Gustavo conversou com o blog a respeito do mata-mata contra Bauru que começa nesta sexta-feira, às 20h, na capital paulista.

BALA NA CESTA: Tendo entrado no playoff na bacia das almas, qual é a expectativa de vocês para o duelo que começa hoje contra o Bauru?
GUSTAVO DE CONTI: Realmente sacramentamos a classificação na última rodada, mas creio que tenhamos garantido mesmo a passagem com as vitórias contra São José e Limeira. Bauru é dado como favorito por todos, mas sabemos que agora começa um novo campeonato em que a única vantagem é decidir em casa. Nossa equipe se desenvolveu bem na competição, estamos em um bom momento e esperamos conseguir passar para a próxima fase. Com muito respeito e humildade, claro, mas esse é o pensamento aqui no Paulistano.

-- Vocês têm o time mais jovem da competição, e você também é bem jovem (30 anos). Após uma temporada completa comandando o elenco, qual a avaliação que você faz?
-- Está sendo uma temporada muito boa. Mostramos nosso valor, e também que temos jogadores jovens de bastante futuro - além dos experientes que carregaram a equipe aos playoffs. Fomos irregulares no NBB (perdemos para os últimos colocados), mas vencemos equipes com elencos poderosos como Minas (duas vezes), São José, Limeira e o próprio Bauru. Isso em um NBB muito mais forte que o do ano passado, com mais jogadores repatriados, mais estrangeiros e mais grandes times. Isso nos dá muita confiança e motivação para seguir esse trabalho nos próximos anos. No Paulistano temos um planejamento longo, uma linha de conduta e de sequência na equipe adulta e na base do clube. Não posso deixar de citar a organização do NBB - fantástica e melhor a cada temporada.

-- Seu time joga um basquete sem tanta precipitação e marcando bem, mas os resultados não vieram de maneira tão forte. Isso preocupa? Como mostrar para quem investe que o trabalho está sendo bem feito mesmo sem os resultados aparecerem?
-- Por aqui, nós procuramos explorar as melhores características da equipe, que são uma defesa bem agressiva a quadra toda e um jogo ofensivo controlado, sem precipitações e exigindo ao máximo a defesa adversária. Tanto é assim que nossa equipe é uma das que mais recebe faltas no NBB, e em se tratando da equipe mais jovem esse dado é muito significante. Com relação aos resultados, por aqui se diz que cada equipe tem suas funções no NBB. Tem as montadas para serem campeãs (Flamengo, Franca, Pinheiros e Brasilia) e as que apostaram na renovação e revelação de jogadores (nosso caso). Nossa expectativa é crescer mais a cada temporada, mas com pés no chão. Jogadores, associados e diretoria do Paulistano estão satisfeitos com a trajetória, pois conseguimos atingir os nossos objetivos para essa temporada.

-- Você é um cara antenado e que sempre busca informações para se atualizar. Como é seu dia a dia de estudos, e o que você faz para crescer na sua profissão?
-- Algumas coisas me ajudaram muito como treinador até aqui: ter passado por todas as categorias de base, seleções estaduais e brasileiras, além dos oito anos em que estive como assistente do adulto. Creio, também, que as viagens e clínicas internacionais com as seleções são fundamentais, pois joga-se em alto nível e faz-se muitos contatos (em campeonatos oficiais como em clínicas). Aí é só manter os contatos e ir trocando informações. Costumo assistir a tudo que se passa de basquete na TV e internet, e aprendo um pouco a cada jogo que vejo. Mas gosto mesmo é de saber sobre o dia-a-dia das grandes equipes do mundo, de como os treinadores trabalham, treinam, lidam com sua comissão técnica, programam e executam os treinos. Acho que é aí que realmente se aprende, pois em relação a tática e a técnica não há muito segredo. O segredo está em como trabalhar com isso.

-- Como você sempre esteve presente nas seleções de base da CBB, te pergunto: dos jovens que você viu no NBB, qual deles mais se destacou?
-- Essa temporada está sendo muito boa para os jovens. Acho que pelo resultado alcançado em San Antonio (vice-campeões da Copa América Sub-18), os clubes puderam confiar mais em lançar os meninos. Não vejo um só destaque, pois estão em níveis diferentes. No primeiro nível, Benite e Raul me impressionam muito. Pena que estão perdendo tempo jogando fora da posição que devem jogar internacionalmente. Douglas Nunes (Bauru) é uma excelente surpresa. Betinho (Paulistano) cresceu demais. Em um segundo escalão tem o Gui, do Bauru (muito atlético), o Jefferson, do Paulistano, e não poderia deixar de destacar dois meninos que ainda são juvenis, e que tiveram uma evolução fantástica nessa temporada: Erick e Arthur, pivôs do Paulistano. Se mantiverem a humildade e trabalharem forte sempre, eles serão destaques do nosso basquete em um futuro próximo.

7 comentários:

Anônimo disse...

Gostei da entrevista!
Gustavo é bom treinador. Tem tudo para vingar e continuar assim!
É merecedor do sucesso que está Tendo!

Ricardo

Anônimo disse...

Boa entrevista, bom técnico . Tonara que continue evoluindo e não seja igual ao neto, que parou no tempo...


Salvio

Anônimo disse...

esse menino tem tudo para crescer na profissão
mantenha-se assim, rapaz!

parabéns bala pela entrevista


george/pe

Guilherme disse...

Ao falar sobre as revelações do NBB, acho que o Gustavo tocou num ponto cujo debate pode ser ampliado por você, Fábio, qual seja, o aproveitamento do Raul e do Vitor Benite em suas equipes. Concordo com o que ele disse. Os dois estão fazendo uma temporada muito boa, mas exercem funções muito mais de finalização do que de condução da equipe, o que pode ser prejudicial para o desenvolvimento desses dois promissores atletas.
No mais, boa entrevista. Espero que o Gustavo siga evoluindo e aproveitando as oportunidades que tem de agregar conhecimento.

Marcelo Nogueira - MuniciPais disse...

Sou suspeito para comentar o trabalho feito pelo Paulistano... Sou fã incondicional da seriedade do trabalho desenvolvidos por esses grande profissionais. Desde a base, que treina no Clube Continental no Jaguaré (quase Osasco), seus treinadores primam pela qualidade e comprometimento com o melhor no basquete. Portanto torço muito para que o Gustavo tenha muito sucesso na sua carreira em conjunto com esse grande clube formador que é o Paulistano.

Anônimo disse...

Excelente tecnico...mascaradinho rs, mas sem duvida um expoente a ser aproveitado ...Faz um belo trabalho no CAP.

Anônimo disse...

desde quando paulistano é clube formador? eles compram oferecendo mil coisas para os meninos...